Carta resposta à audiência pública ocorrida no dia 18/06/07 com o reitor Rubens Rasseli

junho 21, 2007

 

O ensino superior no país passa por um processo de profundo sucateamento e privatização, determinados por uma política de educação que se concretiza no projeto de reforma universitária do governo Lula.

Diante dessa conjuntura, o movimento estudantil nacional tem se colocado à frente de diversas mobilizações em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade.O movimento estudantil da UFES está inserido neste contexto, uma vez que a realidade da nossa universidade também se pauta por uma concepção de educação excludente, segregadora e desigual .

No último dia 15, ocupamos o prédio da reitoria como forma de reivindicação das demandas dos estudantes no que diz respeito a uma política efetiva de assistência estudantil, à democratização dos espaços da universidade e à não implementação do projeto de reforma universitária. Nos primeiros três dias de ocupação construímos uma pauta de reivindicação que foi entregue ao reitor Rubens Rasseli juntamente com a solicitação de uma audiência pública.

Os estudantes aguardaram uma resposta da reitoria em relação à pauta de reivindicações apresentada. Após a audiência com o reitor ocorrida no dia 18, o movimento OcupaUFES deliberou em assembléia geral a permanência da ocupação, entendendo que o reitor não trouxe respostas satisfatórias as demandas colocadas. A partir das declarações dadas pelo próprio reitor, fica clara a tentativa de omissão do gestor da universidade em relação à política educacional implementada na UFES. Tal responsabilidade é delegada, por exemplo, aos conselhos superiores, como se estes espaços – presididos pelo reitor – funcionassem de forma isolada e autônoma, sem qualquer influência da administração central. Durante a sua fala, o reitor não se manifestou de maneira objetiva e concreta frente ao manifesto, se abstendo das pautas centrais do movimento. Apesar de apresentar-se aberto ao diálogo, o reitor novamente demonstrou a falta de comprometimento para com os problemas da comunidade acadêmica. Mesmo tendo recebido a pauta de reivindicação antecipadamente, não houve sequer a apresentação de uma contraproposta aos pontos de pauta; pelo contrário, sua fala foi marcada pelo improviso e superficialidade.

Dessa forma, exigimos que a reitoria reabra as negociações com o movimento e apresente respostas concretas às nossas reivindicações. Aguardamos não apenas medidas imediatas mas também um comprometimento político da administração às questões apresentadas no nosso manifesto. Este comprometimento diz respeito não somente a questões específicas, mas a uma concepção de educação baseada no tripé ensino, pesquisa e extensão, que atenda as demandas da sociedade e apresente respostas as suas contradições.

 

 

Movimento Estudantil

Reitoria da Ufes, 21 de junho de 2007.

 


Estudantes decidem pela liberação do Setor Financeiro da Reitoria

junho 21, 2007

Em Assembléia os estudantes que ocupam a Reitoria da Ufes decidiram pela liberação do setor financeiro da Reitoria, responsável pelo pagamento dos funcionários, professores e estudantes bolsistas. Os termos da liberação do setor serão discutidos com os funcionários que lá trabalham, bem como o tempo de abertura do mesmo. Vale ressaltar que os estudantes entendem que as bolsas e os salários dos funcionários são direitos dos mesmos, e não serão utilizados como barganha para negociação com o Reitor. Ao mesmo tempo, os estudantes se mantém abertos ao diálogo e continuam na ocupação até que o Reitor da Universidade volte a estabelecer negociações com o movimento.


Estudantes paralisam a FCAA por 1 dia!

junho 20, 2007

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  Manifestação na Fundação Ceciliano Abel de Almeida

Hoje, 20 de junho, cerca de 70 estudantes paralisaram completamente as atividades do prédio da Fundação Ceciliano Abel de Almeida (FCAA), localizado no campus da Ufes. Por volta das 13 horas, os manifestantes, reunidos no prédio ocupado da reitoria, partiram em direção à Fundação com tambores, apitos e muitas palavras de ordem. A FCAA foi ocupada e logo em seguida se iniciou uma negociação entre os ocupantes do prédio e o advogado da Fundação. Foi acordado que os estudantes só se retirariam após a liberação dos funcionários, decretando o fim do expediente do dia. A proposta foi aceita e o prédio foi desocupado pelos manifestantes assim que os funcionários saíram, paralisando as atividades da Fundação, da Rádio Universitária e do PUPT.

O ato foi programado com a intenção de pressionar o reitor a reiniciar as negociações com os movimento OcupaUfes, além de marcar o posicionamento dos estudantes acerca da presença da Fundação de direito privado dentro da universidade, visto que estão contidas no manifesto do movimento algumas reivindicações relacionadas à FCAA.


Moção de apoio Dep. Federal Ivan Valente (PSOL-SP)

junho 19, 2007

São Paulo, 19 de Junho de 2007.            

O mandato do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) vem manifestar seu total apoio à luta dos estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) contra o sucateamento da educação e em defesa da Universidade Pública.            

Os direitos sociais vêm sendo atacados há mais de doze anos por sucessivos governos neoliberais de tucanos e petistas, tais ataques se explicitam de diversas maneiras, particularmente na tentativa de desmonte das universidades públicas. Os decretos constituintes da Reforma Universitária nada mais fazem do que caminhar nesse sentido, contingenciando verbas, financiando indiretamente as faculdades particulares através de isenções, ampliando o ensino à distância, submetendo a pesquisa à lógica privatista do mercado, congelando os salários de funcionário docentes e técnico-administrativos e desprezando as necessidades referentes à permanência dos estudantes como moradia, alimentação, material didático.            

Vimos, portanto, declarar nosso apoio e solidariedade às manifestações de combate ao processo de desmonte e privatização das Universidades Federais, aos protestos de estudantes e funcionários nos colocando ao lado da luta em defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade.

 Ivan Valente – Deputado Federal PSOL-SP


Estudantes permanecem em prédio da reitoria.

junho 19, 2007

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A ocupação da reitoria da Ufes entra em seu quinto dia e estudantes afirmam que não deixarão o prédio enquanto não receberem respostas para os pontos de reivindicação da administração da reitoria. Em assembléia na noite de ontem o reitor Rubens Rasseli não apresentou soluções para os problemas enfrentados pela comunidade acadêmica.

Durante esta manha o Movimento OcupaUfes desenvolveu o calendário de atividades para esta terça-feira e amanha. Veja a programação abaixo:

Terça-feira

15h – Produção e estiagem de bandeiras

18h – Assembléia Geral dos Estudantes

20h30min – Exposição e Vernissage

Quarta-feira

9h – Debate Universidade Nova

12h – Almoço

16h – Pintura gigante da praça

20h – Vídeo (Anos Rebeldes)


Encaminhamentos da Audiência Pública com o reitor Rubens Rasseli.

junho 19, 2007

Reunidos em Assembléia Geral, os estudantes que ocupam a Reitoria da UFES tornam pública a avaliação tirada após audiência com o reitor Rubens Rasseli. Entendemos que o reitor não trouxe respostas concretas à pauta de reivindicações colocada pelo movimento OcupaUfes. Pelo contrário, Rasseli parecia desconhecer o conteúdo do documento que tinha sido entregue a ele com antecedência. O reitor, que fez poucos comentários em relação aos pontos de pauta colocados pelos estudantes, também pareceu bastante evasivo em suas colocações. Mais uma vez, Rubens Rasseli manteve uma postura questionável de se excusar de suas responsabilidades para com a Universidade Federal do Espírito Santo. A assembléia dos estudantes deliberou, deste modo, que a ocupação será mantida, estabelecendo um prazo de 48 horas, para que o Reitor se posicione claramente em relação às reivindicações dos estudantes.

Mais informações, e um uma análise crítica da audiência em breve.


Lavando a calçada e pintando a fachada!

junho 18, 2007

Com palavras de ordem e vassouras nas mãos estudantes lavam entrada da reitoria

Estudantes de diversos cursos presentes na ocupação do prédio da reitoria organizaram no final da manhã de hoje uma lavagem na calçada da entrada do edifício. O ato simbólico é uma crítica a atual gestão da reitoria e ao modelo de educação implementado no país. “Lavamos simbolicamente a podridão do modelo autoritário e pouco participativo dessa gestão. Queremos mais vagas nos conselhos superiores da universidade”, declarou Frederico Carneiro, 19 anos, estudante de Comunicação Social.

Neste momento, um grupo de estudantes concentrado na porta da reitoria faz uma intervenção artística pintando frases e desenhos na calçada.  

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Porque são legítimas as ocupações.

junho 18, 2007

CARTA ABERTA À COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA
 

O intento destas palavras é aquele de encetar um esforço intelectual na direção do entendimento de um movimento da realidade. A este arrazoado não é dado apreender o todo, senão que procura gerar um diálogo que possa se adensar aproximando- se assim de uma totalidade, de uma pluralidade e, quem sabe de uma universidade. Portanto, busca contribuir com o necessário processo de democratização.
Formas, já históricas, de protestos e reivindicações, as ocupações são ditas ações radicais diante do autoritarismo, inscrevendo- se assim como um piquete grevista. As ocupações exigem tomadas de posição e configuram transformações tanto sociais, quanto pessoais e até mesmo institucionais.
Enquanto processo educativo de formações sociais, elas costumam ocorrer planejadas de maneira clandestina, portanto, como o cuidado dos petit comitês de pessoas e organizações de confiança mútua. Desse ponto de vista, como propulsoras de processos educativos não-formais promotores da transformação social, pode-se definir que ocupações são ações culturais que instituem uma novidade em relações já cristalizadas.
Entretanto, apesar de um planejamento centralizado da ação cultural, a dimensão da mobilização de massas que devem apoiar a ocupação também ganha centralidade. Assim, uma rede de informações e contra-informaçõ es passa a ser disseminada com o fim de sensibilizar e motivar possíveis apoiadores e simpatizantes. Parece óbvio que esse difuso processo de disseminação prévia da ocupação também atinja possíveis antagonistas, que passam, em sua sanha de denunciar a radicalidade oposicionista à ordem vigente, a difundir ainda mais o processo de mobilização. Ou seja, ressaltar as contradições predispõe o espírito para possíveis transformações, e isto é profundamente educativo, tanto em sua sutil intencionalidade, quanto nos processos de explicitar os ruídos da comunicação e nos produtos alcançados pela mobilização das massas.
Em seguida, é necessário evidenciar a têmpera dos sentimentos, imbricados aos pensamentos e à argumentação em disputa, que o ato mesmo do ocupar promove nos próprios ocupantes, ainda que, em menor escala, promova também naquelas pessoas que permanecem no entorno. O certo é que as pessoas que se envolvem em uma ação cultural de tal monta se modificam e, possivelmente, se tornam pessoas com maior capacidade de expressão, com uma experiência de vida diferenciada e, como afirmou o educador popular Paulo Freire, o fato de identificar e vivenciar uma situação-limite abre as pessoas a encontrarem o inédito-viável que orienta ao futuro. Isto é, tornam-se cidadãs e cidadãos dispostos à luta contra as desigualdades sociais. Isto também é intensamente educativo.
Qualquer um de nós pode imaginar o que é passar dias e noites em uma situação de desconforto e insegurança. O fortalecimento do caráter e da resistência é fenomenal! E, afirma-se que uma dimensão estruturante da condição do popular vem a ser a resistência cultural. Portanto, quem se predispõe a participar de uma ocupação cria fortes vínculos com a cultura e educação populares. Reconhece em si mesmo a força da opressão e se converte a uma pedagogia do oprimido.
O mestre maior da farsa, o dramaturgo alemão Bertold Brecht, insistiu que todos dizem violentas as águas revoltas de um rio, mas poucos afirmam violentas as margens que o comprimem . A idéia em seu contexto de criação e combate social diz que uma ação cultural pode ser representada enquanto um drama da vida real, entretanto, a chave de sua expressividade e dos possíveis caminhos a se abrirem consiste em demonstrar a farsa da própria representação. A hipocrisia afirma a violência da ação cultural para poder representar o papel de pacificadora. Aí está um dos vigores da farsa: a utilização da violência simbólica se faz em nome da defesa da ordem sem nem mesmo considerar outras possibilidades formativas para canalizar as forças rebeldes. Ou seja, o caráter punitivo conduz ao silenciamento e à subalternizaçã o de outros interesses que não aqueles da dominação e da opressão. Esta é a doutrina do império que a tudo subordina: disciplinar toda e qualquer dissidência! E o risco pior: um império da mediocridade!
Da juventude se pode esperar o intempestivo, mas da adultez há que se esperar a sabedoria e a tolerância com as gerações futuras. Educar não é apenas demonstrar como funcionam as regras vigentes. Educar é também acolher os projetos juvenis e, mesmo que por linguagens diferentes, selecionar os potenciais de transformação e novidade de possíveis outros mundos. Além disso, educar é cuidar para que o outro, a alteridade e ou a diferença, por mais radical que seja, conquiste plena liberdade de expressão.
Diante deste pequeno libelo, indica-se e sugere-se que esta UFV, enquanto instituição educativa, e por conseqüência, outras organizações da sociedade civil sediadas neste domínio público, envidem imediatos esforços na direção da retirada dos processos jurídicos movidos contra pessoas que porventura tenham participado de ações culturais tais como as aqui apontadas.


Professor Willer A. Barbosa
Doutor em Ensino e Formação de Educadores
wbarbosa@ufv.br


Estudantes marcam audiência pública com Reitor

junho 18, 2007

Convidamos tod@s @s estudantes, servidores e apoiadores do movimento OcupaUfes a participar da audiência pública com Reitor hoje, dia 18/06, às 18 horas, na Reitoria.

 

Em Assembléia, às 10 horas da manhã de hoje, os estudantes que ocupam a Reitoria da Ufes avaliaram a proposta do Reitor Rubens Rasseli, trazida pelo assessor de imprensa da UFES, Luis Vital, de realizar uma reunião às 13 horas da tarde. Os estudantes, que tinham como proposta realizar a reunião às 19 horas, deliberaram que o horário do Reitor não atendia à comunidade acadêmica, já que neste momento os estudantes estariam almoçando, diminuindo assim os participantes na reunião. O horário das 18h, proposto em assembléia pelos estudantes, foi aceito pelo Reitor. Rubens Rasseli pediu também que fosse permitida a participação de seus assessores na reunião com os estudantes. Os ocupantes aceitaram a proposta, permitindo que 1 assessor entre com o Reitor.                                                                                            Procurador da União. Para mostrar a boa vontade dos estudantes em negociar com a Universidade, também foi decidido em assembléia que fosse permitida a entrada do Procurador da União para que ele pegasse alguns papéis. O procurador declarou que usa o espaço da Reitoria para trabalho e que precisa dos documentos para agilizar um processo que nada tem a ver com o funcionamento da Universidade.


Programação da Ocupação para Segunda-Feira

junho 18, 2007

A ocupação da reitoria da Ufes continua. Nesta manhã a comissão de atividades do Movimento OcupaUfes confirmou a programação para a tarde de hoje. As atividades terão caráter político-cultural e visam integrar novos estudantes. Veja a programação:

11h – Lavagem da calçada do prédio da Reitoria da Ufes;
13h – Pintura da calçada do prédio da Reitoria (expressão artística livre);
15h – Mostra de Vídeos;
19h – Assembléia Geral dos Estudantes .

O Movimento OcupaUfes aguarda a presença do reitor Rubens Rasseli na assembléia das 19h.